Ao longo das últimas décadas, a Comissão de Dignidade e Valorização Profissional (CVDP) da SBOT tem desempenhado um papel estratégico na defesa dos interesses dos ortopedistas brasileiros. Agora, com as mudanças recentes aprovadas no Estatuto da SBOT, essa atuação ganha respaldo legal e mais protagonismo institucional: a partir da gestão eleita para o mandato de 2028, a CVDP passa a integrar oficialmente a Diretoria da SBOT, conforme o Art. 17, §2º do Estatuto Social.

Em entrevista exclusiva ao Jornal da SBOT, Adalto Ferreira Lima Jr., presidente da Comissão, fala sobre os avanços conquistados, os desafios enfrentados e os planos para o futuro — incluindo a importante parceria com o escritório Valério Ribeiro, referência em Direito Médico, que dará suporte jurídico especializado às demandas da Comissão e aos membros da Sociedade.

1. Como a atuação da Comissão de Defesa Profissional impacta diretamente o dia a dia dos ortopedistas brasileiros?

A Comissão de Dignidade e Valorização Profissional (CVDP) da SBOT tem como missão zelar pelas boas práticas médicas e condutas éticas da nossa especialidade. Isso se reflete diretamente no reconhecimento da atuação do ortopedista e traumatologista, elevando o prestígio da profissão e promovendo melhores condições de trabalho para os nossos membros.

2. Quais são hoje os principais desafios enfrentados pelos ortopedistas no exercício da profissão, do ponto de vista da defesa profissional?

Os desafios são muitos — e crescentes. Destaco, entre os principais, a precarização das relações com operadoras de saúde, tanto no setor suplementar quanto no público. Isso inclui a defasagem da remuneração, a perda da autonomia médica, a prática da "pacotização" sem participação do corpo clínico e as chamadas juntas médicas a distância, que desconsideram o exame físico como base soberana da nossa prática.

Também temos enfrentado as chamadas "glosas pós" — quando procedimentos previamente autorizados pelas operadoras deixam de ser remunerados após a execução. Essas práticas ferem a ética, geram insegurança e comprometem o vínculo de confiança entre médico e paciente. Já no setor público, as más condições estruturais e a baixa remuneração seguem como obstáculos à assistência digna.

3. Quais foram as principais iniciativas da Comissão nos últimos meses?

Tivemos avanços muito significativos. Um dos principais foi a mudança estatutária da SBOT, aprovada na Assembleia Geral Extraordinária durante o TEOT, que ampliou o escopo de atuação da Comissão. Agora, a CVDP tem competência formal para propor, negociar e representar os ortopedistas em questões relacionadas a honorários e condições de trabalho — um marco institucional.

A partir da gestão 2028, o cargo de Diretor de Defesa Profissional passa a compor a Diretoria da SBOT, conforme o Art. 17, §2º do Estatuto. Isso fortalece nossa representatividade e consolida o compromisso da SBOT com a valorização da especialidade.

No início do ano, durante o TEOT, realizamos o Fórum de Defesa Profissional com ampla participação de entidades médicas, operadoras, indústria, especialistas e imprensa. Ao fim do evento, foi assinada uma carta de intenções para a criação de uma mesa permanente de diálogo sobre remuneração, autonomia médica e ética na prática ortopédica.

Outro destaque foi o relançamento do Guia Prático para Médicos Ortopedistas e que você pode conferir aqui! (link: https://sbot.org.br/wp-content/uploads/2025/02/guia_pratico_para_medicos_ortopedistas.pdf) 

4. Há projetos em curso ou parcerias institucionais que merecem destaque?

Sim. Estamos em fase final de elaboração do Manual de Honorários Médicos da SBOT, construído em parceria com os Comitês de Especialidade e com a Sociedade Brasileira de Cirurgia da Mão. O objetivo é padronizar codificações, exames complementares e materiais utilizados, preservando sempre a autonomia médica. Essa iniciativa permitirá maior clareza e poder de negociação com operadoras e auditores.

Também criamos um canal direto de comunicação entre a CVDP e os membros da SBOT, além de reforçar a Comissão de Ética Médica como instância de apoio e orientação. E em breve lançaremos uma nova plataforma digital para ampliar o diálogo e a transparência das nossas ações.

5. A Comissão atua em conjunto com outras entidades médicas ou jurídicas para fortalecer a defesa dos ortopedistas? Pode citar exemplos?

Atuamos em total consonância com o Estatuto da SBOT e com as normativas do CFM, ANS, MEC e AMB. Mantemos relação direta com a Frente Parlamentar da Medicina, buscando ampliar nossa presença política. Em cada frente, defendemos de forma técnica e ética o exercício digno da ortopedia no Brasil.

6. Fale, por favor, sobre a parceria com o escritório Valério Ribeiro. Como essa atuação conjunta tem contribuído para orientar e proteger os profissionais da ortopedia?

Essa parceria representa um novo patamar na atuação da CVDP. Após análise jurídica interna e aprovação da Diretoria e do Conselho Administrativo, firmamos contrato com o escritório Valério Ribeiro — uma referência nacional em Direito Médico, com mais de 30 anos de experiência.

A partir da assinatura oficial em 11/07/2025, os membros SBOT quites contarão com apoio jurídico especializado nas demandas relacionadas à defesa profissional, glosas, auditorias indevidas, judicializações e ética médica. É uma conquista histórica e estratégica, que fortalece a segurança institucional da SBOT e oferece respaldo concreto aos nossos membros.

7. Quais são as prioridades da Comissão para os próximos meses? Há novas frentes de atuação sendo planejadas?

Seguimos com o compromisso de pavimentar caminhos sustentáveis e éticos para a valorização da ortopedia. Nossa prioridade é finalizar e apresentar o Manual de Honorários, além de estabelecer mesas permanentes de diálogo com operadoras e entidades reguladoras.

Também vamos ampliar a atuação junto à Frente Parlamentar da Medicina e aprimorar nossos canais de escuta e apoio aos membros da SBOT. No Congresso Anual, em Salvador, teremos uma programação especial com mesas e debates sobre defesa profissional. Convidamos todos os colegas a participarem. A presença ativa de cada um é essencial para construirmos, juntos, um novo capítulo na história da nossa especialidade.

Não posso deixar de citar também o nosso projeto de comunicação com o associado. Vamos criar uma lading page exclusiva para a CVDP, um canal exclusivo para envio de denúncias, apontamentos importantes e, nas redes sociais da SBOT, a produção contínua de peças de orientação sobre o tema aos associados.

Publicada na edição 179 do Jornal da SBOT: https://sbot.org.br/wp-content/uploads/2025/07/JSBOT179.pdf